Pular para o conteúdo principal

Carne mais cara do Brasil custa quatro mil reais a peça de contrafilé

Raça de boi oriental, típica do Japão, possui tratamento especial.

(Foto: ABS Pecplan) 

Uma peça de contrafilé por R$ 4,4 mil, outra peça com 4 kg de costela premium a R$ 652, o quilo da picanha por R$ 555, do filé a R$ 250 e outros cortes de segunda, como a fraldinha e a costela do dianteiro, custam R$ 149 o quilo.

"Quem paga R$ 700 por uma garrafa de vinho italiano, sabe o sabor de uma carne como esta", diz Lopes, proprietário de uma butique de Cortes Especiais em Sorocaba. Moradores de condomínios de luxo da região fazem fila para encomendar o churrasco domingueiro.

O diferencial, explica Lopes, está na genética do boi, capaz de infiltrar na carne até cinco vezes mais gordura que um bovino comum. A gordura está entremeada nas fibras, formando desenhos chamados marmoreio. A intensidade dessa mistura determina a qualidade e o valor da carne, explica Lopes. É aí que entra o aparelho de ultrassom: o marmoreio é medido numa escala de 1 a 12, sendo excelente, e muito mais cara, a peça com pontuação entre 8 e 12. No preparo ao fogo, as gorduras derretem e se combinam com o sabor da carne, conferindo suculência e sensação agradável ao paladar. Numa grelha, é preciso 'selar' o bife para evitar a perda do suco e permitir que a gordura se espalhe como manteiga entre as fibras. 

Trata-se de bovinos da raça Wagyu, típica do Japão, tratado com grãos selecionados e recebe até sessões de massagens. O veterinário Bruno Chagury Salcedo, que atende a butique, conta que o manejo do boi assegura a maciez dos cortes. "O animal é tratado com grãos finos, como milho e sorgo, e é terminado em confinamento." Ele conta que o gado Wagyu é abatido apenas na idade madura, com mais de trinta meses.

No período da terminação, o boi é massageado diariamente pelos tratadores para garantir a melhor distribuição da gordura. "Parece lenda, mas é verdade: para evitar o stress, os alojamentos dos bois têm sistema de som e tocam música clássica", revela.

De acordo com a Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Wagyu (ABCW), a presença da raça ainda é recente no Brasil - o primeiro casal pisou em pastos brasileiros em 1992, na fazenda da japonesa Yakult, em Bragança Paulista (SP).

A fazenda Rubaiyat, em parceria com a japonesa e outros criadores, levou o boi para o Mato Grosso do Sul e foi pioneira em servir o kobe beef em seus restaurantes. As fazendas Angélica, em Americana (SP), e Bosque Belo, em Aquidauana (MS) são outras referências na raça e em cruzamentos.

Fonte: Estadão. Por José Maria Tomazela. 05 Junho 2013.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cerca elétrica rural sem dor de cabeça

Eficiente e durável, entenda bem como funciona em poucas palavras (Foto: Speedrite) Subdivisão de pastagens é a primeira ferramenta a ser utilizada em uma fazenda quando se pensa em aumentar sua produtividade. O conceito correto da cerca elétrica é que o choque contem o animal e não a robustez da cerca. Mas com deficiências no choque é necessário reforçar a cerca, tornando a tecnologia cara. O custo de construção de uma cerca convencional com 5 fios e lascas a cada 5m, custa em torno de R$ 8.000,00 por km, somando custo de mão de obra R$ 2.500,00, madeira R$ 4.000,00 e arame R$ 1.500,00, varia para mais ou para menos de acordo com custo da madeira e mão de obra. Este alto custo faz com que poucos proprietários subdividam suas fazendas para poder otimizar o pasto. O que poderia aumentar em muito a lotação da fazenda e logicamente sua produtividade. O custo de construção de uma boa cerca elétrica não ultrapassa a 1/3 do custo de uma convencional, e o que se gasta com materiais de

Artigo técnico: produção in vitro, importante ferramenta comercial para o melhoramento genético bovino

A técnica é utilizada na produção de animais geneticamente superiores A aplicação da biotecnologia da Produção in vitro (PIV) tem como principal objetivo a obtenção de embriões viáveis de fêmeas que não estão mais aptas a produzirem descendentes pelas técnicas convencionais. A obtenção dos oócitos que serão utilizados na técnica pode ser feita por punção de ovário in morto. Após o abate do animal, são recolhidos seus ovários e armazenados em banho maria a uma temperatura de 30°C. Em seguida são puncionados os seus folículos com o auxílio de uma seringa agulhada. O material coletado é centrifugado e, posteriormente, depositado em uma Placa de Petri, sendo visualizado em uma lupa binocular para serem selecionados os oócitos. Para a produção in vitro de embriões, uma das técnicas mais utilizadas para a recuperação de oócitos, no animal vivo, é a aspiração folicular transvaginal guiada por ultrassonografia. Com o auxílio de um ultrassom e um transdutor, onde é acoplada uma agulha

Manejo eficaz de bezerras leiteiras durante a fase de aleitamento

Criação e crescimento que leva à maior produtividade (Imagem: Trow Nutrition Brasil) Recentes estudos ligados a criação de gado leiteiro demonstram que as primeiras nove semanas da vida de uma bezerra oferecem uma enorme oportunidade para impulsionar o desempenho futuro da vaca. Este efeito é definido como programação metabólica, em que o potencial produtivo de um animal adulto é influenciado pelo crescimento alcançado na fase inicial da vida. Nos primeiros 63 dias de vida da bezerra, cada grama de ganho diário de peso adicional pode representar 4 litros a mais de leite na primeira lactação. PROGRAMAÇÃO METABÓLICA O entendimento de como fatores externos ou ambientais no desenvolvimento inicial podem ter efeitos duradouros sobre a saúde ao longo da vida, conhecido como programação metabólica, tem sido estudado como um fator importante em doenças humanas e sua prevenção por quase 40 anos. Estes estudos têm mostrado que não apenas a constituição genética de um indivíduo determi