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Cerca elétrica rural sem dor de cabeça

Eficiente e durável, entenda bem como funciona em poucas palavras

(Foto: Speedrite)

Subdivisão de pastagens é a primeira ferramenta a ser utilizada em uma fazenda quando se pensa em aumentar sua produtividade. O conceito correto da cerca elétrica é que o choque contem o animal e não a robustez da cerca. Mas com deficiências no choque é necessário reforçar a cerca, tornando a tecnologia cara. O custo de construção de uma cerca convencional com 5 fios e lascas a cada 5m, custa em torno de R$ 8.000,00 por km, somando custo de mão de obra R$ 2.500,00, madeira R$ 4.000,00 e arame R$ 1.500,00, varia para mais ou para menos de acordo com custo da madeira e mão de obra. Este alto custo faz com que poucos proprietários subdividam suas fazendas para poder otimizar o pasto. O que poderia aumentar em muito a lotação da fazenda e logicamente sua produtividade. O custo de construção de uma boa cerca elétrica não ultrapassa a 1/3 do custo de uma convencional, e o que se gasta com materiais de cerca elétrica fica no máximo 15% do total gasto na cerca.

A madeira na cerca elétrica tem a função de segurar o fio de choque na altura correta da categoria animal que estamos querendo conter, se usa mais ou menos madeira de acordo com o relevo da fazenda e, se conseguir manter o choque alto por todo o tempo, poderá aumentar cada vez mais a distância entre as lascas. Há fazendas que usam lascas de madeira, varetas plásticas ou vergalhões a cada 50 metros e sem entrevero algum. É o relevo do terreno que nos obriga a colocar mais ou menos madeira e não a insegurança na tecnologia. O número de fios a serem usados, também depende do tipo de animal que desejamos conter, se temos animais adultos e jovens é necessário usar 2 fios. Se a propriedade fica em regiões que ocorrem secas é necessário passar um fio ligado ao aterramento na cerca, para que o fio aterrado faça o papel do solo, que sem umidade ou muito arenoso não tem condutividade.

Joule é a unidade de potência que se usa para eletrificadores, que uma boa analogia é comparar ao HP, onde quanto mais Joule mais força o eletrificador possui. Mas existe ainda a diferença entre o Joule armazenado, que é o que ele armazena e o Joule liberado que é o que realmente importa e se refere a quanto de potência ele despeja na cerca. Os animais respeitam a cerca elétrica se ela estiver maior que 3.000 volts, menos que isto você não tem cerca. E quanto maior a voltagem na cerca melhor será. Não podendo ultrapassar 12.000 volts, que pode trazer risco aos animais. A amperagem nestes equipamentos não podem ultrapassar 0,025A. Devemos usar bons sistemas Para-Raios para desviar os raios que caem sobre a cerca e usar estabilizadores para proteger o eletrificador de oscilações de voltagens na rede elétrica. Fazendo isto seu aparelho estará protegido e dificilmente quebrará e deixará sua cerca vulnerável.

Animais mais reativos como os da raça nelore, são mais facilmente contidos, já os mais dóceis e mansos, são os que dão mais trabalho, pois estão sempre alerta procurando por oportunidades de fuga. Mas, se o choque for eficiente, tanto animais reativos e mansos, serão contidos. Se os animais não estão respeitando a cerca elétrica é por que o choque está baixo. Tenha sempre um voltímetro na mão e anote diariamente a voltagem no ponto final de sua cerca. Assim verá que o dia que teve fuga é por que o choque estava abaixo de 3.000 volts. 

Fazer analogia com um sistema de irrigação é bem interessante para entender melhor sobre cerca elétrica. Você não compra um motor (bomba d’agua), perguntando quantos km ele joga a água. Pois esta resposta tem muitas variantes. Precisamos saber qual o diâmetro da tubulação, se esta água vai subir morros ou descer, se a tubulação tem problemas, emendas, furos e principalmente quanto de água precisamos jogar no final do sistema. Estas mesmas perguntas podem ser aplicadas a cerca elétrica. Precisamos saber o calibre do fio condutor (quanto mais grosso melhor), precisamos saber se é bem galvanizado e novo (o choque corre pela superfície do fio, se ele estiver enferrujado não será um bom condutor), saber ainda se tem muitas emendas (causam uma maior resistência à condução do choque). Portanto, quanto maior a resistência para passagem do choque, determinada pela bitola e estado do arame, teremos uma necessidade maior de potencia. Prometer quilometragem sem saber sobre estas variantes pode ser um tiro no pé. A grande maioria dos eletrificadores vendidos no Pais não tem 0,5 Joule, sendo um motorzinho muito fraco e que ao encontrar a primeira resistência não conseguem ultrapassar e deixam a cerca sem choque.

Na Nova Zelândia, país de fazendas pequenas,já existem eletrificadores de 63 Joules liberados. Compare os de 0,5 joule vendidos no Brasil e entenderá por que aqui a cerca tem cultura de descrédito. Por lá eles usam uma regrinha que ajuda a adequar a potencia do eletrificador a cerca. Para cada Joule liberado montamos 5 km de cerca, mas por lá, usam potência de sobra, pois não fazem manutenção na cerca. Aqui no Brasil usamos 1 joule para 10 km de cerca nova e em perfeitas condições. Mas esta regra não se aplica se o fio condutor estiver com muita resistência (enferrujado, cheio de emendas mal feitas), isoladores ressecados (plásticos ressecados perdem a função de isolador, é necessário ter filtro UV no Plástico), aterramento insuficiente, etc. Existe a possibilidade de 1 joule dar conta de bem mais que 10 km, mas é tudo uma relação de carga e potência, ou seja quanto mais potência, mais alcance o eletrificador tem e mais resistências ele atravessa.

Na Nova Zelãndia , por exemplo, quando o eletrificador deles já não está mais dando conta de manter o choque alto na cerca, costumam trocar por um mais potente, pois fica mais barato do que contratar alguém para reformar a cerca toda. Só que, por lá, eles monitoram a cerca diariamente, pois praticamente todos os eletrificadores, possuem visores digitais, que mostram como está a voltagem média da cerca, bastando olhar para o eletrificador e verificar com quantos volts médios a cerca está. Se não monitoramos a voltagem da cerca, saberemos sobre um problema, somente depois que ele ocorreu.

A cerca elétrica foi desenvolvida na Nova Zelândia em 1938 e de lá para cá, eles já acertaram e erraram muito e hoje podem nos repassar somente os acertos, poupando a todos nós dos dissabores dos insucessos. Basta a nós, termos humildade e sabedoria para copiar o que deu certo.

Este cenário que os países desenvolvidos vivem hoje, em breve será o nosso, pois a mão de obra rural está cada vez mais escassa e cara. Madeira cada vez mais escassa e cara. Teremos que produzir cada vez mais em menos áreas, pois não podemos desmatar mais nada e estamos perdendo área de pecuária para agricultura, para reservas, etc. Sem falar no crescente aumento do uso de integração lavoura pecuária, que não seria viável sem usar a cerca elétrica, pois não dá para ficar construindo um cerca convencional e desconstruindo seguidas vezes. Em resumo, quanto mais potente e mais confiável for sua cerca elétrica, mais eficiente será. E consequentemente menos se gastará, pois o caro é madeira, arame e mão de obra.

Fonte: Speedrite Brasil

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